A economia norte-americana cresceu 3,3% no quarto trimestre de 2023, segundo a prévia do Produto Interno Bruto (PIB). As expectativas do mercado eram de um crescimento de 2,0% no trimestre passado em relação ao mesmo período de 2022.
O resultado pode mexer com a bolsa brasileira porque ele movimenta as apostas para o corte de juros por lá.
Para quem não se lembra, recentemente os dados de inflação americana vinham mostrando sinais de arrefecimento. E isso animou os investidores quanto a possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central noerte-americano) cortasse os juros logo no começo deste ano. Afinal, com a alta de preços sob controle é possível afrouxar um pouco a política monetária sem comprometer a economia do país.
No entanto, outros indicadores econômicos acenderam um sinal de alerta. Números do mercado de trabalho e até mesmo dados de serviços e indústria mostraram que a atividade econômica ainda segue forte por lá, inclusive superando as expectativas. E isso tem seu lado negativo porque se uma economia está forte, isso se reflete também em mais pressões inflacionárias. Afinal, quando o mercado de trabalho está aquecido, significa que existe demanda de mão de obra por parte das empresas. E se as companhias estão buscando trabalhadores, elas tendem a aumentar o salário nominal para atrair esses novos funcionários. O resultado disso é mais inflação, justamente o que o Fed quer conter.
Certo. Mas e a bolsa brasileira com isso?
Caso o Fed mantenha os juros no patamar atual por mais tempo (que, diga-se de passagem é um recorde para a economia americana), isso significa que os títulos públicos norte-americanos continuam tendo um rendimento atrativo. Portanto, um rendimento alto daqueles que são considerados os títulos mais seguros do mundo atrai mais investidores, que deixam de alocar seu dinheiro em ativos (e países) mais arriscados, como a bolsa brasileira.
O resumo da ópera é: com a economia americana ainda forte, as chances de os juros caírem mais cedo por lá ficam menores. Assim, os investidores tendem a manter seu dinheiro em títulos públicos americanos ao invés de buscar oportunidades em outros mercados. A bolsa brasileira, por exemplo, deixa de ter tanto apelo junto aos investidores, que preferem deixar seu capital alocado em títulos seguros e que, ainda por cima, continuam com rendimentos altos.