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Data: 19/01/2024

Editoria: Sem categoria
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Surpresa do varejo eleva otimismo com PIB do 4º tri

As vendas do varejo ampliado surpreenderam positivamente em novembro e ajudaram a reduzir a sensação, entre economistas, de que o Produto Interno Bruto (PIB) registrará queda no quarto trimestre de 2023. A volatilidade entre os segmentos do setor, porém, continuou elevada e parte do resultado positivo do mês é atribuída a fatores pontuais, ponderam analistas.

O volume de vendas no varejo restrito, que inclui setores como supermercados e vestuário, ficou praticamente estável em novembro, com ligeiro avanço de 0,1% ante outubro, na série com ajuste sazonal, divulgou ontem o IBGE. O dado veio em linha com a expectativa mediana do Valor Data.

O varejo ampliado, contudo, cresceu 1,3% em novembro, ante outubro, feito o ajuste, bem acima da projeção mediana de 0,4% e da maior estimativa, de 1%. O varejo ampliado, além dos segmentos do restrito, inclui veículos, material de construção e atacado de alimentos, bebidas e fumo (o “atacarejo”) e é tido como mais relevante para o cálculo do PIB.

Em relação a novembro de 2022, o varejo restrito avançou 2,2%, e o ampliado, 4,3%.

Seis das oito atividades pesquisadas no varejo restrito tiveram alta em novembro (veja quadro ao lado), ante outubro, com destaque para vestuário (3%); equipamentos para escritório e informática (18,6%) e móveis e eletrodomésticos (4,5%). Esses itens foram beneficiados pelas promoções da Black Friday, segundo economistas. Isabela Tavares, da Tendências, destaca a alta de 3% em vestuário, atividade que não crescia há quatro meses.

Supermercados, produtos alimentícios e bebidas, que representam metade do indicador, ficaram praticamente estáveis (0,1%). O desempenho “de lado” tem a ver com o repique nos preços dos alimentos nos últimos meses de 2023, influenciado por eventos climáticos que afetam, sobretudo, os preços dos produtos “in natura”, aponta Yihao Lin, coordenador econômico da Genial Investimentos.

Dados reduzem chance de PIB negativo no quarto trimestre de 2023”
— Felipe Salles

Registraram queda em novembro, ante outubro, artigos farmacêuticos (-1,6%) e livros, jornais e papelaria (-1,5%).

No varejo ampliado, foram destaques as altas, de outubro para novembro, de 4% em veículos e de 10,2% no atacarejo, ante novembro de 2022 – a série deste último ainda é apenas interanual. Dados setoriais mostram queda na venda de veículos novos em novembro, mas motos têm desempenho positivo em 2023 e veículos usados, com preços mais baixos, também cresceram, observa Tavares.

Somados ao resultado também positivo do setor de serviços, os dados do varejo reduzem a chance de PIB negativo no quarto trimestre de 2023, diz Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.

Nos últimos dias, o IBGE comunicou um crescimento de 0,5% na indústria, ante expectativa mediana de 0,3%, e de 0,4% nos serviços, ante projeção mediana de 0,5% – mas, em novembro, os serviços interromperam três meses de queda.

“Tal como aconteceu com serviços e a produção industrial, as vendas no varejo de novembro nos surpreenderam positivamente. Na sequência desses resultados, nosso ‘nowcaster’ [monitor em tempo real da atividade], que sugeria riscos baixistas [para a atividade] há alguns meses, indica agora que o PIB pode ter tido um desempenho ligeiramente acima das nossas expectativas de estabilidade no quarto trimestre”, escrevem Vinicius Moreira e Cassiana Fernandez, do J.P. Morgan, em relatório.

Na XP, o “tracker” (acompanhamento do PIB), que apontava queda de 0,1% da atividade no quarto trimestre – e já chegou a indicar contração de 0,2% -, agora, está mais perto do zero, segundo o economista Rodolfo Margato.

Para o varejo em dezembro, as previsões variam. A Terra Investimentos projeta queda de 0,2% no restrito, ante novembro, e alta de 1,6% no ampliado. A MCM Consultores espera acomodação, com -0,2% no restrito e +0,2% no ampliado. A equipe do Bradesco diz, em relatório, que sua pesquisa empresarial “também sugere resultados fortes para dezembro”.