A primeira semana do ano se encerra com a agenda carregada. Por aqui, logo pela manhã, há a divulgação do resultado fiscal consolidado e logo na sequência o IBGE divulga a produção industrial. Lá fora, o dia já começou com dados inflacionários na Europa e em seguida o mercado acompanha o indicador de emprego “payroll” dos Estados Unidos (um dos mais importantes da economia americana).
Após dias de holofotes voltados para o exterior, a sexta-feira tem dados locais importantes. A começar pela divulgação, às 8h30, do resultado primário do setor público consolidado, que inclui o governo central, os governos estaduais e municipais e as empresas estatais (excluídos os bancos, a Petrobras e a Eletrobras). Em outubro, os dados mostraram um superávit primário de R$ 14,8 bilhões. No entanto, na comparação com o mesmo mês do ano passado houve queda.
O assunto é importante porque os riscos fiscais ainda seguem no radar do investidor. Portanto, ao entender que as contas públicas estão equilibradas e que o governo não vem adotando um comportamento “gastão”, o mercado pode aumentar seu otimismo em relação ao Brasil. Do contrário, pode haver um receio ainda maior e ocasionar uma fuga de capital.
Na sequência, outro dado importante fica no radar. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publica, às 9h, a Pesquisa Industrial Mensal de novembro de 2023. Segundo mediana de 26 projeções de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, o volume da produção industrial deve ter subido 0,3% em novembro ante outubro, com ajuste sazonal. As estimativas dos economistas variam de queda de 1,1% a alta de 1,5%. Na comparação com igual mês do ano passado, a mediana indica alta de 0,8% na produção industrial.
Mas não é só no Brasil que o mercado está de olho. O dia, inclusive, já começou cheio lá fora. Logo cedo, às 7h, foram divulgados indicadores inflacionários da zona do euro. Os dados preliminares do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) mostraram um avanço para 2,9% em dezembro. Apesar da aceleração, o mercado projetava uma alta levemente maior, de 3%. Portanto, o número pode ser interpretado de maneira positiva. Além dele, a inflação ao produtor (PPI) também foi divulgada e mostrou um recuo de 8,8% em novembro na comparação anual. Ao contrário do CPI, nesse caso o mercado esperava uma queda um pouco maior: de 8,9%.
Porém, o ponto alto mesmo é o chamado “payroll” de dezembro nos Estados Unidos, que será divulgado às 10h30, de Brasília. Para quem não sabe, o indicador é o relatório das folhas de pagamento não agrícolas, que inclui o saldo líquido do número de novos postos de trabalho abertos, a taxa de desemprego e a participação na força de trabalho. Portanto, o documento traz um “resumo” do mercado de trabalho americano e é acompanhado de perto pelos investidores e pelo próprio Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
A leitura anterior foi de abertura de 199 mil vagas, acima da estimativa de abertura de 170 mil, e trouxe cautela. Embora pareça contraditório dizer que dados fortes de emprego seja uma má notícia, na atual conjuntura, é isso que tem acontecido nos EUA. Quando o mercado de trabalho está aquecido, significa que existe demanda de mão de obra por parte das empresas. E se as empresas estão buscando trabalhadores, elas tendem a aumentar o salário nominal para atrair esses novos funcionários. O resultado disso é mais inflação, justamente o que o Fed quer conter.
Caso o mercado perceba que as pressões inflacionárias ainda estão fortes, as apostas de que os juros por lá caiam mais cedo do que o esperado podem perder força. Com isso, o assunto fica no radar (e coim um alerta vermelho).