No cenário doméstico, o mercado ficou de olho na divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil, considerado a “prévia” do PIB oficial, que mostrou contração de 0,06% na economia do país em outubro.
Além disso, o investidores continuaram repercutindo a elevação da nota de crédito do país de BB- para BB pela S&P Global Ratings. A promulgação da reforma tributária no Congresso Nacional também ficou no radar do mercado.
Já no exterior, hoje foi um dia de queda no rendimento dos títulos públicos europeus e americanos, após dados de inflação melhores que o esperado aumentarem o apetite de investidores por ativos de risco.
Refletindo os mesmos cenários, o dólar fechou em alta nesta quarta.
Dólar
O dólar subiu 0,96%, cotado a R$ 4,9115. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em baixa de 0,81%, vendida a R$4,8648. Com o resultado de hoje, passou a acumular quedas de:
- 0,51% na semana;
- 0,08% no mês;
- 6,94% no ano.
Ibovespa
O Ibovespa caiu 0,79%, aos 130.804 pontos.
O desempenho do índice foi impactado, principalmente, pela queda nas ações de bancos e de varejistas.
Na véspera, o índice fechou com alta de 0,59%, aos 131.851 pontos, renovando seu recorde histórico pelo segundo pregão consecutivo. Com o resultado de hoje, passou a acumular ganhos de:
- 0,47% na semana;
- 2,73% no mês;
- 19,20% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
A prévia do PIB do Banco Central mostrou uma leve retração da economia em outubro, mas veio melhor do que as expectativas do mercado. Enquanto o resultado foi de queda de 0,06%, as projeções eram de uma baixa mais acentuada, de 0,30%, segundo o BTG Pactual.
Esse é o terceiro mês consecutivo de contração do IBC-Br, o que levou o trimestre móvel de agosto a outubro registrar uma retração de 0,42% da economia.
Em contrapartida, em relação ao mesmo mês do ano anterior, o indicador subiu 1,54%. No ano, a prévia do PIB acumula alta de 2,36% e, em 12 meses, de 2,19%.
Também seguiu sendo destaque no mercado interno a notícia da elevação da nota de crédito do Brasil pela S&P Global Ratings de BB- para BB.
Essa classificação ainda indica uma posição de “grau especulativo”, que significa que o país ainda enfrenta incertezas em relação a condições financeiras, mas a subida de nota agora coloca o Brasil a dois degraus do “grau de investimento”.
A elevação da nota de crédito do país reflete a solidez e a saúde das finanças do Brasil, indicando sua capacidade em honrar com seus compromissos financeiros ao longo do tempo. Quanto maior é essa classificação, mais confiável o país é para obter crédito no setor financeiro internacional.
Por fim, investidores também ficaram de olho no cenário político e repercutiram a promulgação da PEC da reforma tributária.
No exterior, dados de inflação abaixo do esperado na Europa levaram a uma queda nos rendimentos dos títulos públicos do continente. Na Alemanha, a inflação ao produtor caiu 0,5% em novembro, contra expectativas de queda de 0,3%. Já no Reino Unido, a inflação ao consumidor recuou 0,2% no mesmo mês, enquanto a projeção era de alta de 0,1%.
A esse cenário soma-se o otimismo dos investidores com o rumo dos juros nos Estados Unidos. Na semana passada, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve suas taxas inalteradas entre 5,25% e 5,50% ao ano.
Depois, o presidente da instituição Jerome Powell, falou em entrevista que esse pode ser o fim do ciclo de altas nos juros, mas não descartou novas elevações, se necessárias para conter a inflação.
Isso foi o suficiente para que o mercado se animasse, enxergando uma possibilidade de que o Fed comece a cortar seus juros já no primeiro semestre do próximo ano. Vale lembrar que juros mais baixos favorecem os ativos de risco, como mercados de ações e moedas de países emergentes.
Em contrapartida, nos últimos dias, outros membros do Fed falaram, diminuindo as esperanças de que o ciclo de cortes comece tão logo.
Loretta Mester, de Cleveland, acredita que os cortes de juros não vão acontecer no curto prazo, uma vez que a discussão central ainda é saber por quanto tempo os juros terão de ficar no patamar atual de 5,25% a 5,5%.
Austan Goolsbee, de Chicago, uma das vozes mais “dovish” do atual comitê do Fed, comemorou o progresso na inflação, mas disse ter ficado “confuso” com a reação do mercado à decisão de juros e à coletiva de imprensa do presidente Jerome Powell na semana passada.