O Investor Day do Carrefour (CRFB3) foi marcado por foco nas alavancas acionadas para melhora de rentabilidade após a incorporação do Grupo Big, de acordo com análise do JPMorgan. O evento, que foi a primeira ocasião de troca com investidores desde a operação com o grupo, foi liderado por executivos do Grupo.
As ações da companhia fecharam com ganhos de 1,67% na sessão desta terça-feira (28), cotadas a R$ 11,59, ainda que longe das máximas, de 6,49% (R$ 12,40). A recomendação do JPMorgan para os papéis é neutra, com consideração que a empresa negocia a 17 vezes o preço sobre o lucro para 2024 e 12 vezes o P/L para 2025.
“Em resumo, a empresa permanece comprometida com sua orientação de R$ 2 bilhões em sinergias de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (na sigla em inglês, Ebitda) anualizadas até 2025 (cerca de R$ 1,5 bilhão já capturado). Além disso, a empresa está prevendo ganhos incrementais potenciais provenientes da otimização do portfólio de lojas de R$ 550-800 milhões até 2026”, considera a análise.
A rentabilidade deve ser incrementada através de recentes conversões de lojas e a companhia implementou plano de corte de custos de aproximadamente R$ 300 milhões por ano. Há, ainda, a racionalização de gastos de capital (capex) como maneira de impulsionar a geração de fluxo de caixa livre. A iniciativa deverá garantir capex de cerca de R$ 2,2 a 2,5 bilhões em 2024, com foco nas conversões de curto prazo e na redução de 2 dias de estoque.
A estratégia de expansão segue na companhia, com objetivo de abrir 10 a 12 lojas Atacadão em 2024 e 7 a 9 Sam’s Club. “Além disso, a empresa visa vender/fechar lojas equivalentes a cerca de 1% das vendas totais, com um impacto anual de Ebitda de R$150 a 200 milhões, sendo a monetização do imóvel uma vantagem potencial”, comenta o JPMorgan.
Em relação à atualização das sinergias com o Grupo Big, o relatório reforça que a empresa já capturou R$ 1,5 bilhão de sinergias e continua estimando R$ 2 bilhões até 2025. De acordo com a análise, os principais ganhos para a companhia vem do ganho de cerca de 1 ponto percentual sobre os R$ 80 bilhões em COGS (custo de mercadorias vendidas), da estrutura corporativa mais enxuta e da integração logística que a operação permitiu.
Dentre os riscos destacados na ocasião, há R$ 13 bilhões em provisões trabalhistas, com adicional de R$ 5 bilhões relacionados a possíveis casos.
“Não apenas riscos potenciais que precisam ser provisionados. Neste momento, a empresa não percebe um risco maior relacionado ao seu fluxo de caixa decorrente dessas ações judiciais. Nesse contexto, a empresa está sempre avaliando o Valor Presente Líquido (NPV) de acordos potenciais para decidir se irá ou não resolver as discussões”, comenta o JPMorgan.