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Data: 24/11/2023

Editoria: Sem categoria
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Especialistas do mercado estão céticos com recuperação das Americanas

Especialistas do mercado financeiro estão muito céticos com a capacidade das
Americanas (AMER3) de se recuperarem da crise em que a empresa está,
depois de divulgar fraude contábil e entrar em recuperação judicial. A empresa
recentemente publicou seu balanço de 2022, mas sem a avaliação de uma
auditoria externa, depois de atrasar a divulgação por quatro vezes. O Plano de
Recuperação Judicial da varejista será votado no dia 19 de dezembro.
Como é o plano de recuperação?
Mas analistas estão céticos. “É difícil que o plano vá para frente”, diz José
Eduardo Daronco, analista da Suno Research. “O corte que estão pedindo na dívida
é muito agressivo, assim como o aporte”. A empresa perdeu a confiança do
consumidor. “O consumidor – que já não está muito propenso a compras – quando
precisa adquirir algo, prefere outro varejista por desconfiar da Americanas”, diz ele.
Contratada em junho para auditar a contabilidade das Lojas Americanas, a
firma de auditoria BDO não deu o aval para o último balanço. Isso dificulta ainda
mais a recuperação da empresa. É o que diz Gabriel Meira, economista e sócio da
Valor Investimentos.
O cenário também não ajuda. “A concorrente, Magazine Luiza (MGLU3), não está
em recuperação judicial e está tendo prejuízos”, declara Daronco.
Existe muita especulação e risco com o papel da empresa na Bolsa. “Não vale
a pena apostar nesse papel. Essas altas repentinas são feitas por especuladores e
assim como sobem, caem em seguida”, diz o especialista da Suno.

Americanas pode ser menor daqui para a frente
De acordo com o plano, as Americanas seriam uma empresa bem diferente.
“Se a empresa sobreviver, ela vai ser bem menor”, diz Daronco. Ela se concentraria
em itens de menor valor agregado, com mais alimentos e pequenos eletroportáteis.
A empresa também venderia as redes de lojas Uni.co (Puket e Imaginarium) e
Natural da Terra. Desde que entrou em recuperação judicial, a empresa demitiu mais
de 10 mil funcionários. De janeiro a setembro, a companhia fechou 101 pontos de
venda físicos em todo o Brasil. Atualmente, são 1.759 unidades próprias, entre
Americanas e Hortifruti Natural da Terra.
Americanas devem investir em novos produtos. Leonardo Coelho dá como
exemplo a retomada da venda de lâmpadas na seção de utilidades domésticas. Já os
compradores de guloseimas têm à disposição marcas que vendem biscoitos cream
cracker, um item que ainda não estava na prateleira, de acordo com entrevista dada
pelo CEO ao UOL. Ele diz que as categorias mais vendidas de produtos são
bomboniere, guloseimas e celulares.

A fraude foi de R$ 25,2 bilhões. A dívida bruta da empresa é de R$ 37,3 bilhões
em 2022, e a líquida é de R$ 26,29 bilhões.
Em quase um ano, Americanas perderam quase 7 milhões de consumidores.
Fraude prejudicou relação com clientes e fornecedores, principalmente na operação
digital.
Consumidores e vendedores perderam a confiança. O número de visitas de
clientes e conversões – visitas que se transformam em compras – caíram. Vendedores
também ficaram em dúvidas se a empresa teria condições de repassar seus
pagamentos, disse a empresa. No início da recuperação judicial da empresa,
consumidores reclamaram que a entrega de produtos estava em atraso ou que
sequer receberam seus pedidos.
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