A XP Inc. informou nesta segunda-feira que encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido recorde de R$ 1,087 bilhão, um crescimento de 11% em relação ao segundo trimestre e de 5% frente ao mesmo período de 2022. A receita bruta foi de R$ 4,3 bilhões, o que corresponde a um aumento de 17% na mesma base de comparação. Com o resultado, a XP anunciou distribuição adicional de dividendos de R$ 2 bilhões, em dezembro. Em setembro, a instituição já havia feito o primeiro pagamento de dividendos desde que abriu capital, em 2019, no valor de R$ 1,6 bilhão.
Duas áreas foram as principais impulsionadoras da receita: a maior parte veio do varejo, com R$ 3,1 bilhões e crescimento de 10% frente ao segundo trimestre, mas o segmento de grandes empresas e mercado de capitais também foi destaque, com R$ 519 milhões (alta de 83%) na mesma comparação.
Depois de um primeiro trimestre difícil, por causa da crise pós-Americanas e Light, a retomada das emissões de crédito privado puxou o resultado. No entanto, em conferência com analistas, Bruno Constantino, sócio e CFO da XP, afirmou que sua expectativa é que o ritmo não se mantenha no quarto trimestre, diante do cenário externo e do quadro fiscal ainda incertos.
Além disso, a divisão de cartões, criada em 2021, teve crescimento de 77% na receita bruta frente ao terceiro trimestre de 2022, para R$ 259 milhões. Em relação ao segundo trimestre deste ano, o aumento no volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) foi de 11%, acima, portanto, da média de mercado, estimada pela associação do setor, a Abecs, em 7% no período.
Na área foco da empresa, a de investimentos, a XP teve aumento de 23% no número de profissionais parceiros frente ao mesmo período de 2022 e agora tem cerca de 14,3 mil assessores. O lucro antes de impostos (EBT, na sigla em inglês) foi de R$ 1,157 bilhão, também recorde, com crescimento trimestral de 20% e aumento na margem EBT de 27,3% para 28%.
A XP informou ainda que a quantidade de clientes cresceu 10% frente ao segundo trimestre, para 4,4 milhões, e que o total de ativos sob custódia avançou 6%, para R$ 1,080 trilhão. De acordo com a empresa, os dados já incluem cerca de 200 mil clientes e R$ 34 bilhões de ativos vindos do Banco Modal, adquirido em 2022 e que começou a ser incorporado nos resultados da XP.
Thiago Maffra, CEO da XP, afirmou na conferência que o investidor ainda não está se mexendo diante do ritmo gradual de cortes de juros, que permanecem altos. “Quase todos os ativos estão perdendo para a Selic, com exceção dos títulos bancários isentos [LCI e LCA]. É difícil que clientes do varejo se movimentem nesse cenário. Nossa visão é positiva à medida que os cortes avancem para que os ativos de risco atinjam melhor performance. Quando isso acontecer, esses ativos vão atrair mais investidores.”
O retorno sobre patrimônio líquido médio (ROAE, em inglês) passou de 22% para 22,6%. Maffra ressaltou que a tese de expandir para além dos investimentos foi acertada: “A receita das novas verticais cresceu três vezes nos últimos dois anos e agora representa 11% de nossa receita total.” Na conferência, ele afirmou que a diversificação aumenta as possibilidades de vendas de serviços complementares (“cross selling”).
Segundo Constantino, o índice de Basileia (indicador internacional que tem o objetivo de analisar a saúde de uma instituição financeira) da XP terminou o terceiro trimestre em 22,1%, ainda elevado frente ao 24,2% no segundo trimestre, o que ele afirma ser “extremamente conservador”, depois da distribuição dos dividendos em setembro. “Nosso objetivo é terminar 2024 com um índice inferior a 20%, ainda muito confortável em alavancagem. Vamos continuar distribuindo dividendos para atingir esse patamar”, afirma.