Veículo: Valor Econômico - Online
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Data: 14/11/2023

Editoria: Sem categoria
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Balanço atrasado não muda meta de bancos de aprovar plano de Americanas

A Americanas e bancos credores não têm a intenção de alterar o cronograma que está na mesa para a aprovação do plano de recuperação judicial, mesmo após a nova postergação da divulgação dos demonstrativos financeiros de 2021 e 2022, apurou o Valor.

O atraso da publicação dos balanços não foi visto como um problema entre seus principais credores. Com isso, a meta segue em aprovar o plano ainda neste ano, embora o calendário apertado imponha um desafio adicional, segundo pessoas a par do assunto.

O mercado financeiro entende que há uma complexidade na divulgação do balanço e o adiamento até quinta-feira não causou total estranheza. Os bancos souberam que haveria um atraso ao longo do final de semana, disse uma das fontes. “São três dias de diferença com um feriado no meio e não atrapalha o cronograma inicial que pretendemos”, disse uma das fontes. “Estamos tentando todos os esforços [para se aprovar o plano ainda em 2023], mas não vai ser fácil”, afirmou uma das fontes próximas ao caso, citando o prazo apertado antes do fim de ano.

A ideia é chegar a um acordo tão logo o balanço saia, o que não ocorrerá apenas se o documento trouxer surpresas não mapeadas pelos bancos. Assim que as partes chegarem a esse desfecho, está nos planos a chamada imediata da assembleia de credores. Pelas regras, a assembleia pode ocorrer 30 dias após sua convocação.

Em nota na madrugada de ontem, a Americanas informou ter sido “vítima de uma fraude sofisticada e muito bem arquitetada, o que tornou a compilação e análise de suas demonstrações financeiras (DFs) históricas uma tarefa extremamente desafiadora e complexa. Por conta disso, apesar do trabalho de elaboração das DFs 2021 e 2022 já estar finalizado e dos procedimentos de auditoria de ambas terem sido substancialmente concluídos, ainda não foi possível cumprir todo o rito interno de aprovação previsto na governança da companhia.”

O balanço é peça fundamental – embora não única – para entender a real situação financeira da varejista em 11 de janeiro do ano passado, quando Sérgio Rial, que havia acabado de assumir como CEO, tornou o caso público em um fato relevante.

Quem tem acompanhado a empresa sem os penduricalhos contábeis diz que a realidade é assustadora. Com os números em mãos, um dos primeiros efeitos imediatos será fechar um acordo com os bancos credores na tentativa de buscar uma solução para as dívidas de R$ 42,5 bilhões.

A expectativa é que, além dos resultados do ano passado, sejam reapresentados os de 2021, já que foi preciso remontar o passado para se chegar a um retrato mais fiel de como estava a companhia ao final do ano passado, ou seja, antes de deflagrada a crise no início de janeiro.

Para dar uma resposta imediata ao mercado sobre a situação da companhia, reportar os dois anos mais recentes deve bastar. Quem auditou as contas foi a BDO. A auditoria assumiu a tarefa em junho no lugar da PwC, que assinou as demonstrações financeiras da Americanas nos últimos anos.

Não serão divulgados ainda os dados de 2023, mas sim dos balanços que foram considerados manipulados pela antiga administração, após duas postergações. Procurada, Americanas não quis dar informações adicionais.