Veículo: Valor Econômico - Online
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Data: 01/11/2023

Editoria: Sem categoria
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Mercado amplia cautela com risco fiscal no radar.

O ambiente de incertezas fiscais continuou a influenciar a performance dos ativos locais na sessão de ontem, atingindo com mais força os juros futuros, conforme agentes seguem em busca de pistas para determinar se a meta de resultado primário de 2024 será ou não alterada pelo governo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 teve queda de 11,125% para 11,08%, possivelmente ancorada pelas expectativas dos agentes financeiros em relação à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) hoje; enquanto a do DI para janeiro de 2027 exibiu alta de 11,205% para 11,225%. O dólar recuou 0,13%, a R$ 5,0406,

Investidores se mantiveram atentos a Brasília, diante da indefinição sobre a meta de resultado primário de 2024. Após uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e líderes e presidentes de partidos da base do governo na Congresso, discursos díspares em torno da meta amplificaram a sensação de ruído.

Para o economista-chefe da RPS Capital, Victor Cândido, as notícias sobre a possibilidade de mudança da meta “com certeza pesaram”. Ele aponta que a leve alta dos juros é um sinal de que há o temor de que o “governo jogue a toalha e que o ministro [da Fazenda] seja sacrificado.”

Cândido lembra também que o posicionamento técnico está bastante ruim e que a semana tem decisões de juros relevantes e um feriado no Brasil, o que reduz a liquidez. “O mercado tem mais posições aplicadas na ponta curta da curva, então esses movimentos técnicos são naturais”, afirma. “Considerando que teremos um volume de negociações menor, qualquer notícia pode levar a uma volatilidade exacerbada.”

Já Fernando Fontoura, sócio e gestor da Persevera Asset Management, diz que os investidores institucionais locais reforçaram visão conservadora em relação aos mercados por conta dos ruídos recentes, mas entende que o grupo já reduziu bastante sua exposição desde o rali do segundo trimestre, o que faz com que a barra para quedas adicionais fique mais alta.

“Estamos operando descolados do mercado externo por conta disso, mas acredito que podemos ter um alívio à frente, principalmente com a ajuda do estrangeiro.

Isso porque o mercado internacional pode ter encontrado um fundo após quedas recentes e, como muitos enxergam o Brasil como ‘proxy’ da China e a visão sobre a economia chinesa é consensualmente ruim, qualquer surpresa positiva pode ajudar. Estou aumentando minha exposição em papéis que os não residentes gostam”, diz.

Dados da B3 apontam que, somente na sexta, quando o mercado foi afetado em cheio pelos ruídos fiscais, o estrangeiro aumentou a posição comprada em dólar (aposta na alta da moeda) via derivativos (dólar futuro, minidólar, swap cambial e cupom cambial) em cerca de US$ 270 milhões, enquanto o investidor institucional local reduziu a posição vendida em dólar em torno de US$ 670 milhões.

O Citi encerrou a posição vendida em dólar contra o real e retirou a recomendação positiva em relação à moeda brasileira no portfólio de títulos públicos de mercados emergentes. “As notícias fiscais têm sido marginalmente negativas”, pontuam os estrategistas Dirk Willer e Juan Andres Paez.