De nove classes de despesas, cinco tiveram desaceleração entre setembro e outubro: habitação (0,30% para 0,26%), vestuário (0,41% para 0,33%), transportes (2,02% para 0,78%), despesas pessoais (0,35% para 0,31%) e comunicação (de -0,15% para -0,29%).
Após três altas seguidas, o preço da gasolina voltou a cair em outubro (-0,56%). O IPCA-15 considera preços coletados entre 15 de setembro e 13 de outubro e, portanto, não captou a recente redução anunciada pela Petrobras, em 19 de outubro, de 4,1% no preço da gasolina nas refinarias, que deve impactar o IPCA cheio do mês.
O grupo de transportes desacelerou em outubro “pela diluição dos efeitos dos reajustes de diesel e gasolina promovidos em meados de agosto – colocando este último em deflação – e pela desaceleração em automóvel novo”, explica Fábio Romão, economista da LCA Consultores.
Por outro lado, houve taxas maiores entre setembro e outubro em artigos de residência (de -0,47% para 0,05%), saúde e cuidados pessoais (0,17% para 0,28%), educação (0,05% para 0,07%) e alimentação e bebidas, mas ainda negativo (de -0,77% para -0,31%).
Os preços dos alimentos consumidos no domicílio recuaram pelo quinto mês seguido em outubro (-0,52%). No ano, acumulam queda de 2,4% e, mesmo em 12 meses, recuam 1,05%.
“Vimos surpresa em alguns itens mais voláteis, com destaque para passagens aéreas, bem acima das projeções, e da alimentação no domicílio por itens ‘in natura’ e carnes com deflação um pouco menor”, pondera Leonardo Costa, economista da ASA Investments.
“Todo esse movimento foi compensado por números mais benignos nos núcleos, na parte qualitativa”, diz, em referência a medidas que suavizam itens voláteis.
Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos, destaca o núcleo IPCA-EX3, que agrega itens selecionados de serviços e bens industriais. O IPCA-EX3 subiu apenas 0,09% na prévia de outubro, vindo de 0,15% em setembro, segundo a MCM Consultores. A média dos cinco principais núcleos foi de 0,27% para 0,22%.
A taxa de difusão (percentual de itens em alta na cesta) subiu para 47,1% em outubro, de 41,7% em setembro, segundo o Valor Data. “Mas se manteve em um patamar historicamente baixo”, diz João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital.
A inflação de serviços acelerou de 0,53% para 0,63%, muito influenciada pelo salto nas passagens aéreas. Excluindo esses e outros itens voláteis, os serviços subjacentes desaceleraram de 0,34% para 0,14% entre setembro e outubro. “O núcleo de serviços veio baixo, cerca de metade do que o mercado tinha”, diz Sobral.
O movimento benigno em serviços foi amplo, incluindo os veiculares, de mão de obra e aluguéis, aponta Costa. “E mesmo nos bens houve surpresa para baixo”, afirma. O ASA espera um IPCA fechado de 0,25% em outubro.