Com os juros futuros abandonando a trajetória de queda que vinham exibindo no início da sessão e se mantendo em alta ao longo da tarde, diante da escalada nos rendimentos dos Treasuries, as ações do setor varejista sofreram no Ibovespa – que passou quase o dia todo no negativo. Ao fim e ao cabo da sessão, as ações do Grupo Casas Bahia (antiga Via e Via Varejo) , que chegaram a desacelerar 9,80%, fecharam o dia com recuo de 5,88%, negociadas a R$ 0,48.
O movimento de queda do papel também foi acentuado pela decisão do conselho de administração da companhia aprovar a convocação de assembleia geral extraordinária (AGE) para 16 de novembro de 2023.
Na AGE, os acionistas deverão deliberar sobre a proposta de grupamento das ações da companhia em uma proporção de 25 para 1.
O grupamento de ações costuma ser uma estratégia comum para elevar o valor das ações, especialmente quando elas estão sendo negociadas abaixo de R$ 1 e o papel passa a ser considerado uma “penny stock”.
O ativo está sendo negociado abaixo de R$ 1 desde 14 de setembro, mas a tendência de queda iniciou bem antes. Desde o início do ano, as ações acumulam uma queda de 80%. A variação das ações de centavos costumar apresentar distorção, já que um centavo faz muita diferença a maior ou a menor.
Em recente relatório, o Citi cortou o preço-alvo de Casas Bahia de R$ 2 para R$ 0,70, reiterando recomendação neutra.
Os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo escrevem que a companhia passa por um processo de reestruturação operacional profundo ao mesmo tempo em que ainda enfrenta um cenário com desafios macroeconômicos.
Eles notam que a visibilidade em varejo ainda é limitada, em especial no segmento de eletrônico, cortando estimativas de receitas entre 5,5% e 8,6% entre 2023 e 2025. A companhia deve voltar a gerar lucro apenas em 2025.