Veículo: Valor Econômico - Online
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Data: 25/10/2023

Editoria: Sem categoria
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Zara volta a abrir lojas, após fechar 625 pontos

A espanhola Inditex, dona da varejista de moda Zara, não está seguindo uma das fórmulas mais tradicionais do varejo – “para aumentar vendas, abra muitas lojas” – e nem a tendência recente que recomenda lojas mais compactas. Ao contrário. Fechou 625 lojas no mundo, de junho de 2022 a junho deste ano. E agora vem retomando a abertura de pontos de venda, com foco em grandes espaços, de até 9 mil metros quadrados, e conectados à operação on-line.

A retomada na abertura de lojas está sendo feita de forma moderada. O executivo-chefe da companhia, Óscar García Maceiras, disse recentemente, ao comentar o balanço do primeiro semestre, que a área bruta total das lojas deve crescer 3% neste ano, em relação ao ano passado.

No Brasil, depois de cinco anos sem nenhuma loja nova, a Zara está abrindo duas para vender artigos de moda, além de ter reformado uma loja de artigos de decoração, transformando-a em uma loja-conceito. Nesta quinta-feira (26) abre, no Shopping Center Norte, em São Paulo uma loja de 3 mil metros quadrados. Em agosto, uma nova loja de 2 mil metros quadrados começou a funcionar no Shopping Pátio Higienópolis.

A estratégia de megalojas está sendo aplicada pela Inditex em vários mercados. Em Roterdã será inaugurada em novembro uma loja de 9 mil metros quadrados – será a maior da Zara no mundo. Paris, Miami e Dubai também estão na lista.

No fim de setembro, no Shopping Iguatemi, em São Paulo, a Zara Home, que vende produtos de decoração para casa, foi reinaugurada, com os mesmos 600 metros quadrados, mas foi transformada em uma loja-conceito.

Segundo a companhia, a loja de decoração do Iguatemi e a unidade do shopping Higienópolis chegaram, nas últimas semanas, ao primeiro lugar em volume de vendas de toda a rede Zara no mundo. No Brasil, são 8 lojas de decoração e 45 de moda da marca Zara, já contando com a loja do Center Norte.

A reportagem do Valor visitou a loja do Shopping Higienópolis no sábado passado à tarde. Havia filas nos caixas, mas o novo modelo tem um espaço onde o próprio consumidor paga suas compras. Vários clientes usavam o autoatendimento, desafogando os caixas tradicionais.

Na loja de deoração reformada da Zara no Iguatemi, o novo layout replica os ambientes de uma casa. As cores dos móveis, da roupa de cama, mesa e banho são, em geral, em tons claros, sem estampas, no máximo, algumas listas. A loja tem um ar sofisticado, mas sem afetação, e os preços não são populares. Mas há consumidores dispostos a pagar R$ 50 mil em um sofá exposto na loja. O estoque foi vendido e novos pedidos já foram encaminhados.

Lojas, de até 9 mil m2, têm espaço para estocar produtos vendidos pela internet

Na loja de moda em Higienópolis, com áreas para mulheres, homens e crianças, há mais cores nas araras, mas a cor que predomina é o branco, nas paredes, no piso, na iluminação. Os preços, em geral, são maiores do que os praticados na Espanha, mas não assustam o consumidor da classe média que busca um tecido que não seja sintético. Um vestido de linho para o verão, por exemplo, sai entre R$ 279 e R$ 379.

O que há de comum entre a loja de decoração e a de moda é mostrar ao consumidor que a Zara entrou na era do varejo on-line com mais força agora. É possível comprar uma peça pela internet e fazer a retirada na loja em até duas horas. E isso vale para todos pontos de venda funcionando no país.

Considerando todas as bandeiras da Inditex – Zara, Pull & Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius e Oysho – a varejista tem 5.745 lojas no mundo, sendo 1.839 Zara e 420 Zara Home, de decoração. Há um ano esse total era de 6.370 lojas.

A rival H&M, segunda maior varejista de moda do mundo, também fechou lojas. Em agosto tinha 4.375 unidades, tendo fechado 289 desde agosto de 2022.

As lojas maiores servem para abrigar, além dos artigos de moda que já eram vendidos, produtos como cosméticos, lingerie, calçados, bolsas, e roupas esportivas, além de espaços para estocar artigos que serão retirados pelo consumidor que fez sua compra pela internet.

É verdade que a pandemia – que deixou as pessoas dentro de casa por meses a fio a partir de 2020, levando mais gente a comprar em lojas on-line – embaralhou as regras seguidas há muito pelo varejo. Mas a Inditex, sediada em Arteixo, na Galícia, continua sendo a maior varejista de moda do mundo, com vendas e lucro em alta.

No primeiro semestre as vendas cresceram 13,5%, para 16,8 bilhões de euros, em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro aumentou 40%, chegando a 2,5 bilhões de euros.

O desempenho é melhor do que o da a sua grande rival, a sueca H&M, que anunciou neste ano que vai desembarcar no Brasil em 2025, com lojas físicas e operação on-line. O balanço encerrado em agosto fechou no azul, mas as vendas cresceram 8%, abaixo do resultado da Inditex.

“Varejista espanhola não quer ser ‘fast-fashion’

A Zara, que virou sinônimo de eficiência no varejo de moda, capaz de desenhar, costurar e despachar peças de roupa para mais de 200 países duas vezes por semana, não quer mais ser reconhecida como sinônimo de “fast-fashion”. O termo, entende a companhia, é percebido como uma moda mal feita, que dura pouco e polui o ambiente.

De fato, a cadeia de moda é considerada por especialistas uma das mais poluidoras do mundo – gasta muita água para produzir jeans, por exemplo. E toneladas de roupas vão parar em lixões.

Para ajudar a combater o acúmulo de peças que vão direto para o lixo no Brasil, a Inditex recolhe roupas usadas em suas lojas e as encaminha para a Liga Solidária, que faz a triagem das peças para doação. O plano global da companhia espanhola é ambicioso: em 2030, usar somente matérias-primas “preferentes”, que causem impacto positivo no clima, na natureza e nas pessoas. Faz parte do plano para 2030 ter 40% de todos os tecidos usados vindo de processos de reciclagem.