A Black Friday de 2023 deve ser melhor que a do ano passado, mas o varejo ainda não vai se recuperar das perdas de 2022, segundo pesquisa publicada nesta terça-feira (24) pela Neotrust, empresa de dados com foco em operações digitais. No acumulado do ano, o varejo on-line continua a registrar retração nas vendas no país.
A projeção para a Black Friday deste ano é de uma alta de 12,6% nas vendas, atingindo R$ 6,92 bilhões, em termos nominais, sem descontar a inflação. No ano anterior, houve recuo de cerca de 23%, e em 2021, a alta foi de apenas 2,3%, em termos nominais. O evento ocorre neste ano no dia 24 de novembro. A pesquisa considera as vendas de 23 a 26 de novembro.
O faturamento projetado para 2023 ainda fica abaixo do registrado na Black Friday de 2020 (R$ 7,8 bilhões) e de 2021 (R$ 7,9 bilhões).
Por conta da base fraca de comparação de 2022, do recuo gradual da inflação neste ano e da recuperação do emprego, os especialistas esperam uma melhora na taxa de crescimento deste ano, alcançando os 12%. Mas o comando da Neotrust destaca a cautela do setor nas projeções.
“Estamos aliviados com os dados projetados, porque não vemos tendência de queda neste ano também, como em 2022, e isso já é positivo”, disse Luis Cambraia, diretor da Neotrust na apresentação da pesquisa. Ele reforçou a necessidade de um recuo nas taxas de juros no mercado para que esse movimento de recuperação ganhe maior tração. “Precisamos de uma redução maior de juros para um reflexo positivo em venda”.
Em 2023, o comércio eletrônico ainda acumula recuos na venda. No primeiro trimestre a queda foi de 13,7%, no segundo, a retração alcançou 15,1% e no terceiro, o recuo foi de 6,7%. São desempenhos em cima de uma diminuição na demanda no ano anterior.
“A boa notícia é que a retração do terceiro trimestre deste ano já foi menor que a dos outros trimestres de 2023, o que indica um cenário um pouco mais animador”, disse Cambraia.
Em relação ao tíquete médio das compras no on-line neste ano houve uma melhora nos patamares.
Depois de fechar 2022 com recuo nesse gasto, no primeiro, segundo e terceiro trimestres a alta foi de 5,3%, 6,1% e 9,9% sobre o ano anterior, respectivamente.
Levantamentos de sites de busca e consultorias têm destacado expectativas mais otimistas para a data em 2023, porém empresas ouvidas pelo Valor nas últimas semanas mantêm uma moderação maior nas projeções, até pelos resultados recentes mais negativos do que as pesquisas projetavam.
No ano passado, levantamento encomendado pelo Google mostrava que 71% das pessoas pesquisadas planejavam comprar na data, mas a Black Friday de 2022 foi uma das piores da história. Cenário de aumento de preços ao longo do ano, encarecendo as mercadorias, e queda da renda disponível na época afetaram a demanda.
Para este ano, segundo levantamento do Google no fim de setembro, as buscas pelo termo ‘Black Friday’ cresceram 24% em comparação a 2022. A empresa ainda informou que dois em cada três brasileiros pretendem comprar produtos durante a data em 2023.
Semanas atrás, executivos ouvidos pelo Valor projetavam um fim de ano um pouco melhor que o verificado em 2022, por conta da base de comparação mais fraca e pelo cenário de alguma melhora no ambiente econômico. Mas as estimativas de investimentos em promoções ainda eram conservadoras, e com foco maior em preservação de rentabilidade, do que em ganho de receita com vendas.
A pesquisa da Neotrust faz projeções considerando cerca de 1,5 milhão de pedidos de compra on-line ao dia, que fazem parte da base de informações da companhia. Informações são obtidas em cerca de 2 mil lojas on-line, e em cima disso, e do histórico de vendas na data, é estimado o cenário futuro.