A terceira temporada deste ano da série de divulgações dos balanços financeiros das companhias com ações negociadas na B3, a bolsa de valores brasileira, começa na próxima quarta-feira (25), com grande expectativas para o desempenho dos “personagens” principais Petrobras e Vale, as empresas com maior peso no Ibovespa.
A mineradora brasileira publica seus dados na quinta-feira (26), após o fechamento do mercado. A data prevista para a divulgação do balanço da Petrobras é 9 de novembro, também após o encerramento do pregão.
Em relatório, o Santander aponta que essa temporada de balanços deve apresentar resultados sólidos, refletindo “a recente aceleração do crescimento do PIB”. “Contrastando com as tendências verificadas no primeiro semestre do ano, as empresas parecem ter finalmente conseguido repassar o aumento dos custos aos consumidores, e esperamos margens estáveis, ponderadas pelo valor de mercado das companhias”, destaca o banco.
Em uma base ponderada pela capitalização de mercado, o Santander projeta um crescimento médio de receita de 16%, aumento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda) de 15% e avanço no lucro líquido de 17,6%, na comparação com o terceiro trimestre do ano passado. “Os setores domésticos, incluindo saúde, transporte e imóveis de alta renda, poderão ser os destaques do trimestre”, pontua o relatório.
Siderurgia e mineração
Como resultado da queda nos preços do minério de ferro e dos aços longos e planos nos últimos 12 meses, a projeção do Santander é que as indústrias siderúrgicas e de mineração reportem queda de 35% e 32% no ebitda, respectivamente.
Após a divulgação dos dados de produção da Vale, o Itaú BBA manteve sua estimativa de um ebitda de US$ 4,6 bilhões, no terceiro trimestre. “O volume de produção superou as vendas, mas vale destacar que a qualidade média da carteira melhorou. O preço realizado ficou em linha com nossa previsão de US$ 105 por tonelada. No segmento de metais básicos, os volumes de vendas de níquel e cobre ficaram ligeiramente abaixo de nossas estimativas, mas os preços realizados foram melhores”, destaca em relatório.
Baseada nos dados de produção, a equipe da Genial Investimentos reviu sua projeção para o lucro da Vale para US$ 2,6 bilhões, correspondendo a uma queda de 41,2% na comparação anual, e alta de 84,7% ante o segundo trimestre.
Para o terceiro trimestre, Vale e CSN provavelmente serão as únicas empresas do setor, com cobertura do Itaú BBA, “a reportar resultados sequencialmente mais fortes, beneficiando-se dos preços mais elevados do minério de ferro e da melhor sazonalidade”, aponta relatório do banco.
“A Usiminas deverá reportar ebitda negativo, prejudicado pelo fraco desempenho da divisão de aço durante o período de transição de manutenção de um dos fornos”, pontua o BBA. “Também prevemos resultados sequencialmente mais fracos para a Gerdau, com tendências de enfraquecimento em todas as divisões.”
Petróleo e petroquímica
O setor de petróleo, gás e petroquímica também poderá reportar resultados robustos, refletindo os resultados positivos da Petrobras. O Santander estima um crescimento anual de 45% no ebitda e de 71% no lucro líquido do setor.
Os analistas da Jefferies destacaram que a prévia operacional da Petrobras mostra um cenário positivo no terceiro trimestre e que deve impulsionar a geração de caixa da companhia. “Acreditamos que o mercado está subestimando a capacidade de geração de caixa que a Petrobras terá a partir de agora com esse aumento gradual na produção”, comenta o banco de investimentos.
Financeiro
Para os bancos, o Santander projeta um crescimento médio do lucro líquido de 18%, com redução do crédito e inadimplência sob controle.
No segmento de seguros, o Itaú BBA reporta que BB Seguridade e a Caixa Seguridade “deverão se sair bem no crescimento dos prêmios ganhos e na baixa sinistralidade”. Destaque para BB Seguridade que deverá colher os frutos da emissão de prêmios com o Plano Safra, que começou no terceiro trimestre, em comparação ao segundo trimestre do ano passado.
Papel e celulose
O Santander espera que as empresas de celulose e papel registrem os melhores lucros no setor de Materiais, com Suzano e Klabin como principais destaques positivos, principalmente devido aos preços realizados mais fortes na comparação trimestral”,
Já o Itaú BBA aponta que os resultados da Suzano provavelmente sofrerão com um declínio sequencial nos preços e volumes de celulose, enquanto a Klabin deverá reportar menor ebitda na comparação trimestral, prejudicado pela divisão de Papel e Embalagem.
Consumo e varejo
Para o segmento varejista de alimentos, o Itaú BBA estima resultados que combinam cenário mais competitivo, deflação alimentar e pressão de despesas, principalmente relacionada à expansão.
Em sua prévia do terceiro trimestre para o setor de shoppings, o BTG Pactual apontou que o desempenho operacional permaneceu muito forte no geral, e que o setor deve manter a tendência dos trimestres anteriores com aumento de vendas e correção dos aluguéis acima da inflação.
“Os shoppings continuaram apresentando bom desempenho no terceiro trimestre, apesar das duras comparações do ano passado, esperamos que as empresas registrem um crescimento nas vendas entre 7% e 9%, impulsionado por serviços, entretenimento e restaurantes”, aponta relatório do BTG.
Transportes
No setor de transportes, a XP Investimentos destaca positivamente Rumo, com altos volumes e dinâmica positiva de rendimentos, e Ecorodovias, com bom volume de tráfego, especialmente em estradas expostas ao litoral. No lado negativo, os destaques ficaram com a Movida e Simpar.
Para Localiza, a XP espera uma melhora nos resultados em termos de volumes e tarifas, implicando em um aumento de 7% na receita líquida na comparação trimestral, levando em conta a estimativa de aumento de volume em aluguel de carros e
gestão de frotas.
Em Movida, a XP espera que os resultados sigam pressionados no trimestre, anotando novo prejuízo líquido, apesar de algumas melhoras operacionais, nota-se uma compressão nas margens nos segmentos de aluguel de carros e gestão de frotas.
Para a Rumo é projetado um desempenho positivo, impulsionado pela tendência de crescimento dos volumes transportados no trimestre com níveis recordes em setembro. Além disso, a estabilização do diesel e as tendências de elevação tarifária do terceiro trimestre animam.0
Para a Vamos, esperam um lucro líquido ainda pressionado, de R$ 115 milhões, queda de 24% em base anual, apesar do impacto financeiro positivo de seu recente aumento de capital primário de R$ 850 milhões.
Para a holding Simpar, a projeção é de resultados negativos, prejuízo líquido de R$ 131 milhões ante prejuízo líquido de R$ 68 milhões no segundo trimestre, devido aos impactos da indústria automotiva e alavancagem financeira ainda elevada.
No setor de transportes aéreos, a XP vê com bons olhos o trimestre de Azul e Gol. “Esperamos resultados positivos para a Azul, com redução de custos, principalmente decorrente de uma diminuição nos preços dos combustíveis, já que o custo havia aumentado 12%”, diz a casa.
Saúde
Para o segmento de saúde, Itaú BBA aponta que Hapvida deve ser o destaque positivo do setor, enquanto Rede D’Or pode ser pressionada por um desempenho mais fraco do segmento de serviços hospitalares. Por outro lado, “a operação SulAmérica deverá continuar a se beneficiar da implementação de aumentos de preços, o que deverá levar o ebitda da operação de seguros de volta ao patamar positivo”.