A economia brasileira encolheu 0,6% em agosto ante julho, considerando dados com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) em seu Monitor do PIB. A queda da atividade econômica brasileira no oitavo mês foi a primeira desde maio.
O FGV Ibre calcula que o PIB brasileiro acumula, até agosto, R$ 7.039.803 milhões, ou R$ 7,04 trilhões.
Contribuíram para o resultado quedas em investimentos, indústria e agropecuária na economia, nessa comparação; além de ausência de alta em serviços – que representa quase 70% do PIB, detalhou Claudio Considera, economista responsável pelo indicador.
Mas a queda em agosto não significa necessariamente que o PIB do terceiro trimestre terminará em queda. Para ele, mesmo com retração mensal em agosto, outros resultados acumulados do indicador da fundação sinalizam que a economia brasileira dá sinais de que pode encerrar sem queda no terceiro trimestre.
“Creio que podemos ter terceiro trimestre em estabilidade. Se tivermos queda, será pequena, próxima a zero”, afirmou ele. No Monitor, a atividade econômica subiu 2,8% no trimestre encerrado em agosto ante mesmo trimestre em 2022.
Na prática, ponderou o economista, a economia em queda em agosto foi influenciada por recuos e ausências de altas em diferentes segmentos, tanto pelo lado da oferta quanto pelo lado da demanda. Porém, detalhou o economista, bons resultados já ocorridos ao longo do ano, também em diferentes segmentos, devem assegurar alta em torno de 3% no PIB de 2023, resumiu ele.
Ao falar sobre a atividade econômica em agosto, o especialista comentou que pelo lado da oferta, na comparação com julho, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representam os investimentos na economia, caiu 4% no Monitor. Foi a pior retração desde janeiro de 2023 (-8,6%) nessa comparação.
“Tivemos desempenho ruim em máquinas e equipamentos, que derrubou o resultado” explicou Considera. O técnico comentou que investimentos, na economia, já mostram trajetória negativa há algum tempo.
Também pelo lado da oferta, acrescentou o especialista, a indústria caiu 0,2% em agosto ante julho. Foi a pior queda na atividade industrial desde janeiro de 2023 (-0,4%).
Outro aspecto que também ajudou a derrubar o Monitor de agosto foi comportamento de agropecuária, que mostrou recuo de 8% em agosto ante julho. Isso porque as safras mais importantes de grãos já foram plantadas e colhidas no primeiro semestre – como é o caso da soja, por exemplo.
E, acrescentou o técnico, além de todas essas quedas, serviços ficou estável em agosto ante julho. Ou seja: não houve expansão, nesse segmento, que pudesse diminuir impacto das quedas, nessa mesma comparação. “E consumo das famílias não cresceu tanto [0,7% em agosto ante julho] para ajudar a sustentar o resultado” notou ele.
Em compensação, a evolução trimestral da economia segue positiva, acrescentou Considera. No caso de serviços por exemplo, houve alta de 2% no trimestre finalizado em agosto, ante mesmo trimestre em 2022. Nesse mesmo período comparativo, a atividade da indústria subiu 2,1%; a da agropecuária avançou 9%; e consumo das famílias cresceu 3,1%.
Assim, para o economista, a queda em agosto não levará à reversão da trajetória positiva da economia, percebida ao longo do ano. No entendimento dele, altas intensas ocorridas no primeiro semestre, principalmente em agropecuária, devem assegurar expansão na economia esse ano. “Pode ser que a economia cresça em torno de 3% e a agropecuária puxou grande parte desse resultado” resumiu.