As ações das companhias dos setores de finanças, petróleo e materiais básicos somam mais da metade do Ibovespa. Juntas, encerraram setembro com uma participação de 63,28% no principal índice da B3, a Bolsa de Valores do Brasil. Os dados foram levantados pela Quantum Finance e levam em conta o número do fim de setembro para cada ano analisado.
O segmento de finanças é composto pelos papéis dos grandes bancos, como Bradesco, Itaú e Banco do Brasil. Já o setor de petróleo, gás e biocombustível é puxado pelas ações da Petrobras, e materiais básicos, sobretudo, pela Vale.
“A bolsa reflete a economia do País”, afirma Gabriela Joubert, estrategista-chefe do banco Inter. “Somos grandes produtores de commodities e houve uma consolidação do setor financeiro depois da década de 1990.”
Uma análise dos últimos anos mostra que a cara do Ibovespa tem mudado pouco. De forma geral, as ações de setores financeiros, petróleo e materiais básico se mantêm como as mais importantes do índice. Em 2018, chegaram a representar 70%. Há dez anos, somavam quase 62%.
Em 2014, o Ibovespa passou por uma mudança na sua metodologia. À época, com as distorções criadas pelo derretimento das ações das companhias do empresário Eike Batista, a Bolsa mudou o cálculo do índice, que tinha como base a liquidez das empresas. Até então, elas ganhavam ou perdiam participação no índice com base na quantidade de negociações, não pelo valor do papel.
O desempenho dos setores na Bolsa pode ser atrelado ao desempenho da economia nos últimos anos. O País lidou com uma série de problemas. Além da pandemia de covid-19, enfrentou uma dura recessão em 2015 e 2016 e ainda lida com a desconfiança dos investidores em relação ao ajuste das contas públicas.
“Se for olhar a composição do índice, as empresas de commodities, como Vale e Petrobras, ganharam destaque. Os grandes bancos também, Mas muita coisa mal existe hoje. A OGX (petroleira do empresário Eike Batista) foi a zero, várias construtoras foram a zero. Isso insinua um período mais desafiador para o mercado doméstico. O Brasil cresceu muito pouco nesses anos, se é que cresceu”, diz Leonardo Rufino, gestor da Mantaro Capital.