Em meio a intensas negociações para definir um plano de recuperação judicial com seus credores, a Americanas (AMER3) fez um anúncio surpreendente: a empresa decidiu utilizar mais R$ 500,6 milhões do financiamento obtido junto a seus acionistas majoritários, o trio composto por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
Tais bilionários são detentores de 30% das ações da varejista e já haviam disponibilizado para a companhia um empréstimo de R$ 1 bilhão. Essa quantia teve o propósito de assegurar a continuidade das operações do negócio após a descoberta de uma significativa fraude contábil.
O que significa a nova linha de financiamento para Americanas?
A Americanas conseguiu a aprovação, em fevereiro, para captar até R$ 2 bilhões por meio de um empréstimo da modalidade “debtor in possession” (DiP). Esta modalidade é especialmente voltada para empresas em processo de recuperação judicial. Com a utilização dos novos recursos, a empresa já fez uso de mais da metade desses recursos.
Porém, Lemann, Telles e Sicupira não fizeram essa contribuição monetária de forma desinteressada. A varejista se comprometeu a pagar juros que podem chegar a 128% do CDI pelo financiamento, com um prazo de 24 meses para pagamento.
Como anda a recuperação financeira do Americanas?
O plano para restabelecer a saúde financeira da empresa sofreu um tropeço. O processo de venda do Grupo Uni.co, proprietário das redes de lojas Imaginarium e Puket, não avançou como esperado. Devido à falta de uma oferta atrativa, a Americanas optou por suspender o processo de procura por interessados na aquisição.
Por meio de um comunicado, a empresa explicou que irá “responder a potenciais interessados e engajar em conversas que busquem condições mais atrativas que as indicadas”. Além disso, a Americanas também afirmou que irá considerar a possibilidade de “retomar o processo organizado de Market Sounding em momento oportuno”.