A X, antes conhecida como Twitter, assinou um contrato inovador com a celebridade Paris Hilton que se baseia na exibição de programas de compras ao vivo, entre outros conteúdos exclusivos, e se soma aos esforços da executiva-chefe Linda Yaccarino para reanimar plataforma.
O contrato de dois anos, segundo a empresa, prevê que a socialite americana trabalhe com a X na criação de quatro programas de vídeo originais por ano, inclusive para seu espaço dedicado às compras ao vivo, que ainda em está fase inicial. Hilton também produziria conteúdo em outras mídias da X, como o serviço de conversas de áudio Spaces, de acordo com a empresa.
A firma de mídia 11:11, de Hilton, e a X assinaram um acordo de compartilhamento de receitas, segundo a plataforma de mídia social on-line, que descreveu a estruturação financeira como “atraente” para ambas as partes.
A parceria será um teste para Yaccarino, que assumiu o cargo de executiva-chefe da plataforma em junho. Ela tem a tarefa de incrementar as receitas, depois de muitos anunciantes terem deixado de gastar na plataforma por preocupações com o relaxamento das políticas de moderação de conteúdo, na sequência da aquisição da plataforma pelo bilionário Elon Musk por US$ 44 bilhões há quase um ano. As receitas caíram 60% nos Estados Unidos, disse Musk em setembro, embora sem especificar em que período.
Yaccarino lançou uma ofensiva para tentar seduzir Hollywood, reunindo-se com agências como a Creative Artists Agency e a United Talent Agency, na tentativa de atrair estrelas e influenciadores, e, por tabela, usuários e anunciantes, para a plataforma.
As parcerias almejadas fazem parte da estratégia da executiva para elevar a audiência, vender mais publicidade e facilitar a assinatura de patrocínios e contratos de marca entre anunciantes e criadores.
O acordo também chega depois de Yaccarino ter enfrentado críticas generalizadas pela entrevista tensa com Julia Boorstin, da rede de TV “CNBC”, na conferência de tecnologia Code Conference, na semana passada, na qual ela se complicou ao responder perguntas sobre as métricas de usuários da X e insistiu em dizer que tinha autonomia como executiva-chefe apesar das reiteradas interferências de Musk.
No mesmo dia, o “Financial Times” publicou uma entrevista com Yaccarino na qual ela evitou repetidamente perguntas sobre a segurança e as políticas na plataforma.
Na quinta-feira, Yaccarino deve se encontrar com executivos de banco de investimento do Morgan Stanley, Bank of America, Barclays, MUFG, BNP Paribas, Mizuho e Société Générale – os credores que financiaram a aquisição da plataforma por Musk – para apresentar seus planos para a empresa.
Plataformas de mídia social, como o TikTok, recentemente investiram em recursos para programas de compras ao vivo voltados a usuários no Ocidente, na esperança de repetir o sucesso em mercados asiáticos. No entanto, as experiências da Meta e do YouTube nesse segmento de “live shopping” até agora tiveram apenas sucesso limitado, já que os consumidores ocidentais ainda não se sentem à vontade com o formato.
A X, quando ainda se chamava Twitter, fez uma incursão nas compras ao vivo em 2021, que teve pouco destaque. Agora possui um produto que permite aos usuários assistir, conversar e fazer compras na mesma janela. A empresa informou que, por exemplo, enquanto assistirem a uma transmissão ao vivo com Hilton na X, os usuários poderão navegar por um catálogo de produtos e depois clicar no site que vende os produtos para fazer uma compra por meio de seu navegador dentro do aplicativo.
A X acrescentou que trabalhará para ajudar Hilton a garantir patrocínio de marcas para cada um dos programas dela na plataforma, incluindo os de compras ao vivo. Os vídeos dela terão foco em temas como a festa de Halloween, música, maternidade e culinária, segundo a X, e Hilton também ajudará a empresa a promover novos produtos para consumidores e lançamentos de recursos.
Hilton, que tem 16,6 milhões de seguidores na X, também divulgou um comunicado sobre o acordo. “Juntos, vamos explorar novas maneiras de nos conectar com todos vocês por meio de vídeos, vídeos ao vivo, live shopping e até do Spaces. E estamos apenas começando. Adoramos isso.”
No início do ano, o ex-apresentador da rede de TV “Fox”, Tucker Carlson, anunciou que relançaria seu programa na X. Musk, porém, enfatizou que ambos não haviam assinado nenhum acordo, apenas que Carlson se beneficiaria de um novo recurso de compartilhamento de receita publicitária para os maiores influenciadores na plataforma. (Tradução de Sabino Ahumada)